Artigo 1
Equoterapia e Sociopsicomotricidade
Ramain-Thiers
Por:
Elizabeth Luiza Possan
Psicóloga. Sociopsicomotricista
Ramain-Thiers. Psicopedagoga. Equoterapeuta.
Segundo o site do Centro de Equoterapia
Passo-a-passo: “A Equoterapia é um método
terapêutico que tem o cavalo como o
facilitador da evolução humana, independente
da sua condição, por meio de intervenções de
um mediador preparado para compor esta
relação. O cavalo é um agente
facilitador de ganhos motores, emocionais,
intelectuais e espirituais, (MOTA, 2014)”.
A inserção do cavalo em processos
terapêuticos data de 458-370 a.C., quando
Hipócrates, pai da medicina, fez referência
à equitação como fator regenerador da saúde,
(FREIRE, 1999).
O uso do cavalo facilita o desenvolvimento
das habilidades funcionais nas deficiências
físicas através dos benefícios biomecânicos
deste animal. A montaria contribui para uma
melhora da amplitude de movimento,
flexibilidade, força muscular, promove
ajustes tônicos, melhora do equilíbrio e
postura corporal. As dificuldades de
aprendizagem e alterações de linguagem são
trabalhadas na Equoterapia com o objetivo de
estimular as funções cognitivas, de modo a
promover melhora significativa nos seguintes
aspectos: atenção, memória, coordenação
motora, noção espacial e temporal. As
questões relacionadas à disciplina,
criatividade e iniciativa também são
otimizadas no contexto do ambiente equestre.
A Equoterapia oferece um espaço no qual o
indivíduo pode conhecer suas competências,
buscar a melhoria da autoconfiança, da
elaboração de medos e conflitos. O cavalo é
franco e autêntico na relação com o outro,
espelhando com eficácia as dificuldades da
pessoa, porém sem punição ou julgamento. As
atividades de montaria e do cuidado com o
animal proporcionam situações concretas que
envolvem novas aprendizagens e ações
positivas voltadas para a superação de
limites.”
E o Ramain Thiers?
Quando fiz o curso de Equoterapia, já tinha
concluído a Formação em
Sociopsicomotricidade Ramain-Thiers, mas
estava procurando um trabalho com mais
liberdade, ao ar livre, sem deixar de ser
Psicóloga. Então uma fisioterapeuta e um
professor de equitação, me convidaram para
abrimos uma escola, e assim formamos a
Escola de Equitação e Equoterapia
Integração. Conseguimos uma licença da
Prefeitura Municipal de Palotina-PR, para
trabalhar no Parque de Exposições porque
neste parque, já existia uma estrutura
construída com cocheiras, banheiros e era
coberto. Além do espaço maravilhoso, havia um
bosque e a pista de laço do CTG, Centro de
Tradições Gaúchas. Assim, em troca,
atendíamos 30 crianças gratuitamente, da
APAE, da CASA LAR e das Escolas Municipais.
Ao começar o trabalho eu fazia como a
maioria dos Psicólogos, ficava de apoio no
atendimento aos pais e a Fisioterapeuta,
atendia as crianças, mas percebia que
poderia fazer muito mais pelos praticantes.
Então comecei a criar, a adaptar alguns
materiais para realizar as propostas da
Sociopsicomotricidade Ramain-Thiers para
usar sobre o cavalo. Com pranchetas de
metal, painéis de metal fixados nas paredes
da pista de equoterapia, ou seja, no
picadeiro, além de peças de jogos, papéis,
quebra-cabeças todos com muito ímã.
Adaptamos dois baldes de plástico amarrados,
um de cada lado, na manta de Equoterapia,
para os exercícios de lateralidade,
equilíbrio, raciocínio e para ser apoio ao
levarmos do material pelo bosque.
A proposta de Percurso, por exemplo,
era realizada com mini mapas, onde o
praticante tinha que seguir o mapa e
encontrar tesouros escondidos pelo bosque.
Considerando sempre as dificuldades e
habilidades de cada um. Ainda usávamos
balizas e as árvores com percursos
diferentes.
A música era muito utilizada, as propostas
com ritmos com latinhas, palitos e
pedrinhas. Os sons do bosque eram muito
utilizados por nós, em brincadeiras de
mímicas, adivinhações e imitações de
animais. Ainda na oralidade, os praticantes
alimentavam os cavalos, davam água, sempre
observando os sons e movimentos do animal.
Uma das atividades preferidas dos
praticantes era a tinta, podiam carimbar
suas mãos no cavalo, pintar as crinas,
colocar presilhas, prendedores de
roupas coloridos. Os cabelos da Psicóloga e
da Fisioterapeuta também eram penteados.
O cavalo realmente, facilitava o contato do
praticante conosco. O vínculo era quase
instantâneo.
Além do cavalo, usávamos também uma charrete.
Era excelente para desenvolver a
lateralidade, autonomia, enfim, tudo o que
nós conseguíamos explorar. Ao subir na
charrete, sempre com muita ajuda, devido aos
déficits motores da maioria, nós dávamos as
rédeas para o praticante. Assim, ele
precisava prestar atenção no caminho,
aprender os comandos para o cavalo acelerar
ou parar. Era incrível como eles se sentiam
capazes por terem guiado a charrete.
Atendíamos autistas, síndromes, paralisia
cerebral, traumatismos e lesões severas
devido a acidentes, hiperativos, crianças da
CASA LAR com problemas sérios de abandono e
maus tratos.
Durante esse período, dois casos nos
chamaram atenção: um senhor com mais de 70
anos com Mal de Parkinson, que gostava de
contar sua história de vida, ao subir no
cavalo e assumir as rédeas, o tremor
praticamente acabava, ele relatava que se
sentia no controle dos seus movimentos de
novo. Emocionante! Outro caso de uma
praticante diagnosticada com Transtorno
Bipolar com aspectos psicóticos, já veio
medicada e adorava andar a cavalo, então com
ela o divã era o cavalo, andávamos pelo
parque, longe de todos e com muita
psicanálise!
Assim a Equoterapia e a
Sociopsicomotricidade Ramain-Thiers
começaram uma história, quebrando paradigmas
e mostrando oque é necessário para a terapia
acontecer. É necessária uma sala, um
ambiente ou desprendimento e uma vontade de
realizar!
REFERÊNCIAS
MOTA, Claudia da Costa. Fonoaudióloga.
Fundadora do Instituto Passo a Passo –
Equoterapia. Itatiba. SP.
FREIRE, Heloisa Bruna Grubits.
Equoterapia Teoria e Técnica: uma
experiência com crianças autistas.São Paulo,
Vetor. 1999.
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