Vol. XIV: Vitrais 96 - set 2021 

A Revista da ABRT Associação Brasileira Ramain-Thiers

ISSN 2317-0719

VITRAIS
Vol. XIV: Vitrais 96 - set 2021

 

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Literatura

 

A realidade que não quer calar

por: Suzanne Andrade

Serviço Social. Pós em Recursos Humanos. Terapeuta de Casais, Família e Comunitária. Especialização em Psicologia Analítica Junguiana. MS Saúde Coletiva.

 

Hoje vivemos em um mundo corrido, acelerado, em que padrões de comportamento se repetem de forma mecânica. Às vezes, até desenvolvemos várias competências e fazemos coisas demais ao longo do caminho, mas sem entendermos ao certo o nosso propósito maior, ou aonde queremos chegar.

Ao correr, estamos nos esquecendo das pessoas do nosso lado; esquecendo de conhecê-las melhor, de valorizá-las, de demonstrar o quanto são importantes para nós. Descuidamos do nosso querer bem e do amor que sentimos por elas. Estamos deixando de lado o que realmente tem importância na vida.

Na dinâmica atual, os simples “bom-dia”, “obrigado” e “com licença” já não fazem parte de nosso dia a dia. Predominam a fisionomia carrancuda e o mau humor, ou o comando na mente, que diz: “Não tenho tempo para nada. Preciso correr”.

Tudo isto tem abalado a autoestima das pessoas, pois elas já não são vistas nem reconhecidas como seres humanos. São mais um na multidão acelerada.

No mundo organizacional, as pessoas se transformam em siglas como TI, RH, CEO, ou “a menina do cafezinho”. Não há mais tempo para saber quem é o ser que está por trás desses papéis, por trás dos crachás que viraram a única forma de dar identidade às pessoas.

Esse distanciamento leva a muitos conflitos, a uma falta de interesse e a uma falta de paciência para ouvir as pessoas, ou de disponibilidade para estar por inteiro com o outro. Tudo isso gera, é claro, muita insegurança.

 

A INSEGURANÇA ABALA A CONFIANÇA E COMPROMETE AS RELAÇÕES

O foco passou a ser o mundo externo, em que o “ser” ficou perdido, na busca de um “ter” desenfreado e insaciável: ter dinheiro, ter profissão, ter um cargo...

Tornou-se fundamental buscarmos ter mais, buscar mudar sempre, mas há aí um ponto essencial, esquecido em muitos momentos de nossas vidas: a valorização da nossa essência como seres sociais.

Como citou Dalai Lama: “Abra seus braços para as mudanças, mas não abra mão de seus valores”.

A verdade é que, nessa correria, as pessoas têm aberto mão de seus valores, seja em sua vida particular, seja na empresa de que fazem parte, passando, então, a agir mecanicamente.

Isso é mais forte no mundo organizacional. Os valores dos relacionamentos são esquecidos, da mesma forma que a Declaração de Valores da Empresa que está presa na parede e fica ali apenas como objeto decorativo.

Os indivíduos que fazem parte do mundo empresarial acabam por absorver essa cultura. Existe, na teoria,, um discurso corrente sobre a importância das pessoas e dos relacionamentos para as organizações, mas, na prática, poucos estão satisfeitos, desde os empresários até os lideres e os colaboradores.

Nesse mundo globalizado, a insegurança abala a confiança e compromete as relações. O respeito, a ética, a confiança e a responsabilidade são valores esquecidos. A qualidade de vida,  a comunicação entre as pessoas e a polidez nos relacionamentos passaram a ser joias raras. O amor, tão desejado, está esquecido por nós mesmos.

Tudo isso vem abalando a autoestima dos seres humanos, tirando a motivação para o trabalho e para o melhor aproveitamento da vida.

 

O EXCESSO DE PREOCUPAÇÃO CONSOME NOSSAS ENERGIAS

O excesso de informações, o constante medo de errar, a cobrança pela agilidade nas entregas, tudo isso nos atrai para o mundo externo, nos desconectando do nosso verdadeiro ser. Tornando-nos menos humanos, em relaçãoa nós mesmos, aos outros, especialmente no mundo organizacional o que vem tirando a energia das pessoas.

A falta dessa vitalidade tem levado as pessoas ao cansaço, ao desânimo, ao estresse e à depressão. Alguns chegam ao extremo, desenvolvendo pânico ou a Síndrome de Burnout – um estado de esgotamento físico e mental, cuja a causa está intimamente ligada à vida profissional.

O excesso de preocupações consome nossas energias. Provavelmente, você já se sentiu sem fôlego para dar conta de seus pensamentos e de suas preocupações, perdido, sem saber o que e como fazer diante das demandas de seu dia a dia, sem encontrar o próprio valor. Isso acarreta falta de vontade de trabalhar, provocando, muitas vezes, doenças.

 

TUDO ISSO PODE TER SOLUÇÃO

A resposta para todos esses problemas está, sem dúvida, dentro de nós mesmos. Isso é bom, porque quando trazemos para nós a responsabilidade sobre uma situação que nos incomoda, trazemos também a força para mudá-la.

[...], você vai encontrar histórias que irão tocá-lo, inspirando-o a resgatar o seu valor como pessoa especial que é. Histórias que vão ajudá-lo a resgatar a motivação e o entusiasmo para o seu dia a dia, assumindo o protagonismo de sua vida.

Você vai descobrir importantes caminhos para uma mudança em seu modo de se portar, priorizando o que é “natural” ao ser humano.

[...] é importante saber para reintegrar seu “ser”, resgatar sua essência como pessoa especial e única, como profissional de sucesso e alavancar a carreira e produzir mais felicidade.

Você voltará a sentir um bem-estar e um novo ânimo para cuidar dos seus relacionamentos e de si mesmo como um todo.

 

REFERÊNCIAS

 ANDRADE, Susanne. O segredo do sucesso é ser humano: como conquistar resultados sensacionais na vida pessoal e profissional. São Paulo: Primavera Editorial, 2014. P. 30- 34.