Reflexão
Reserve um tempo para você mesmo entre os
pacientes
por: Irvin D. Yalom
Espero que essa dica impopular
seja repassada rapidamente por muitos
terapeutas cujo exercício profissional é
assolado pela corrente veloz da necessidade
econômica, mas de qualquer maneira, aqui vai
a dica.
Não deprecie você mesmo e o
paciente, pelo simples ato de não reservar
um bom tempo entre sessões. Sempre mantive
notas detalhadas de cada sessão e nunca
iniciei uma sessão sem as consultar. Minhas
notas frequentemente apontam a questão
inacabada – temas e tópicos que devem ser
explorados ou sentimentos entre mim e o
paciente que não foram trabalhados em
profundidade. Se você levar cada sessão a
sério, então o paciente também o fará.
Alguns terapeutas agendam as
sessões num cronograma tão rígido e sem
brechas, que eles não têm folga de nenhuma
espécie entre os pacientes. Mesmo dez
minutos serão insuficientes, na minha
opinião, se boa parte desse tempo for gasta
em retornar telefonemas. Nunca reservo menos
de dez minutos inteiros e prefiro quinze
minutos para fazer anotações, ler as
anotações e pensar entre os pacientes.
Intervalos de quinze minutos trazem
complicações; as consultas precisam ser
marcadas em horários quebrados – por exemplo,
dez minutos antes ou depois da hora -, mas
todos os meus pacientes aceitaram isso sem
maiores problemas. Isso também torna o seu
dia mais longo e pode diminuir seus ganhos.
Mas vale a pena. Conforme a voz corrente,
Abraham Lincoln teria dito que, se tivesse
oito horas para cortar uma árvore, gastaria
várias dessas horas para afiar o machado.
Não se transforme no lenhador apressado
demais para afiar o machado.
REFERÊNCIAS
YALOM, Irvin D. Os desafios da terapia.
Trad. Vera de Paula Assis. Rio de janeiro:
Ediouro, 2006. Cap. 56.
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