UMA
POSSIBILIDADE
COM CRIANÇAS CARENTES
Maristela
Medeiros Corrêa
Socióloga. Sociopsicomotricista
Ramain-Thiers.
Quando me interessei por participar da
Formação em Sociopsicomotricidade
Ramain-Thiers, em 1995, meu propósito era o
de investimento pessoal: crescer como pessoa,
desenvolver minha capacidade de
autoconhecimento, que considero fundamental
para viver a vida em plenitude. No meio
dessa caminhada, como resultado desse
processo vivido, sofrido e sobretudo amado,
eu vislumbrei a possibilidade de multiplicar
esses efeitos de descoberta e de crescimento
em outros grupos diferentes.
A partir de maio de 1997, iniciamos a nossa
experiência, aplicando a metodologia em dois
grupos, no Orfanato Cristo Rei, situado no
bairro Cristo Rei em Cariacica, Espírito
Santo, que atendia, na ocasião, crianças e
adolescentes procedentes de famílias
carentes e na maioria dos casos,
desestruturados.
Tal como acontece na
macroestrutura social em que vivemos, uma
população institucionalizada reflete, também,
em nível de microestrutura, os efeitos dessa
sociedade castradora e sem lei.
Crianças e adolescentes acabam
duplamente atingidos em seu desenvolvimento,
por força do convívio nessas instituições e
na maioria dos casos, pela baixa qualidade
no relacionamento familiar.
Solange Thiers, 1994, nos diz: “A
metodologia Ramain-Thiers visa a compreensão
do sujeito psíquico, que engloba o sujeito
social, seu aprendizado de vida em
coletividade, o respeito a si próprio e ao
outro. ”
Neste trabalho apresentamos e
mostramos a atuação da metodologia,
especialmente com grupos de crianças e de
adolescentes, com a intenção de mobilizar a
atenção interiorizada, para buscar
conhecimento de si, fortalecimento da ação e
do desejo, produção, realização e inserção
social, mesmo com os obstáculos e as
deficiências dos modelos familiares e
institucionais.
O material utilizado: lápis,
papéis quadriculados, arames, tesouras,
alicates, contas, colas, cordões, durex,
tabuleiros, recortes, cópias, quebra-cabeças
e muito mais, com o objetivo de diferentes
sensibilizações e percepções dos sujeitos, a
partir dos significados simbólicos de cada
um nas diferentes propostas. Esse processo
durou dois anos e seis meses, em sessões
semanais, com duas horas, sempre com base
nos Orientadores Terapêuticos Thiers e
supervisão.
O resultado observado em cada
participante do processo, além do meu
crescimento pessoal, o crescimento e
amadurecimento de cada um na sua
singularidade, como também, o fortalecimento
dos afetos, tão abandonado nessas
instituições.
Sou muito grata por conhecer e
praticar a Sociopsicomotricidade
Ramain-Thiers.
Referências
THIERS, Solange.
Sociopsicomotricidade Ramain-Thiers: Uma
leitura emocional, corporal e social. São
Paulo: Casa do Psicólogo, 1994.
BARONE, Leda M. C. De ler
o desejo ao desejo de ler:Uma leitura do
olhar do psicopedagogo. Petrópolis, RJ:
Vozes, 1993.
GRUBTIS, Sonia. A
construção da Identidade Infantil: A
Sociopsicomotricidade Ramain-Thiers e a
ampliação do espaço terapêutico. São Paulo:
Casa do Psicólogo, 1996. |