DESENVOLVIMENTO DA
AUTONOMIA COM A SOCIOPSICOMOTRICIDADE
RAMAIN-THIERS
Leni
König Schäfer.
Licenciatura em Ciências.
Sociopsicomotricidade Ramain-Thiers.
Segundo o dicionário Aurélio da língua
portuguesa, autonomia é a liberdade moral ou
intelectual, independência administrativa. A
palavra autonomia tem origem grega e está
diretamente ligada a autossuficiência, ou
seja, o indivíduo que é capaz de formar
juízo, ter opinião própria, capaz de
organizar suas ideias e seus pensamentos de
forma única, e aplicá-los em sua vida
cotidiana, desde as tarefas mais simples,
até as decisões mais difíceis, que todo ser
humano está suscetível a tomar.
Com a tecnologia atual que dispomos, e que
avança a cada dia, diversas tarefas do nosso
dia-a-dia tornaram-se mais fáceis devido à
automação. Máquinas automatizadas efetuam
trabalhos que anteriormente eram possíveis
apenas de forma braçal, como por exemplo, as
máquinas de lavar roupas. Mas mesmo estas
máquinas que tanto nos ajudam, facilitam a
nossa vida e tornam nossos dias mais
práticos, necessitam de engenheiros das mais
diversas áreas para que possam tomar forma,
e também de engenheiros programadores para
que elas tenham as suas funcionalidades
desenvolvidas para que possam executar
corretamente as tarefas para as quais foram
desenvolvidas, ou seja, que trabalhem de
forma autônoma.
Atualmente encontram-se em desenvolvimento
tecnologias que tornam possível a construção
de veículos autônomos. Tecnologia esta que
vem sendo desenvolvida para melhorar a vida
de todos, evitando acidentes, economizando
recursos e tornando a vida de todos mais
agradável. Minimizando assim os erros de
direção cometidos pelos seres humanos, como
excesso de velocidade, distrações,
ultrapassagens malfeitas, etc.
Partindo destes pontos citados acima, não
podemos deixar de pensar nos seres humanos,
serão todos eles autônomos? Como programar
um ser humano para ser autônomo? Isso é
possível?
Todos os indivíduos são dotados do livre
arbítrio, ou autonomia, foram feitos assim,
quer você acredite na criação divina ou
qualquer outra teoria que explique o
aparecimento dos seres humanos, autonomia
está em nosso DNA. A grande questão, porém,
é: estão todos programados para serem
autônomos da maneira correta, aptos para
viver em sociedade e tomarem decisões
corretas? Quais são as decisões corretas a
serem tomadas?
Todos vivemos em sociedade, e em todas as
sociedades, existem regras, leis, tradições,
que devem ser respeitadas e devem ser
norteadoras de todas as decisões tomadas
pelos indivíduos inseridos nelas. Uma
decisão tomada em uma sociedade ocidental
pode não ser uma boa ideia em uma cultura
oriental. E por isso todos devem ser dotados
de autonomia para analisarem de forma
correta a situação em que se encontram e
assim tomarem as melhores decisões, mesmo
diante de uma situação extremamente adversa.
A formação de um indivíduo autônomo, não
acontece de uma hora para outra, é um
processo natural que ocorre desde a
concepção, e não cessa até o fim de sua vida.
Ocorre que devido às inúmeras mudanças
culturais, e mudanças em toda a sociedade
civilizada ao longo dos séculos, muitas
vezes ocorrem falhas em algumas fases de
extrema importância na formação da autonomia
do indivíduo, fazendo com que muitas vezes
as pessoas tenham dificuldade em serem
totalmente autônomas.
A descoberta destas falhas e seu tratamento
pode ser a chave para que seja possível
ajudar crianças, jovens e adultos a serem
autossuficientes. Serem capazes de tomar o
rumo de suas vidas em suas mãos de forma
correta e ética, frente à sociedade em que
estão inseridos. Obviamente não estamos
imaginando colocar todos os indivíduos em um
mesmo patamar, fazendo-os pensar da mesma
forma, e agirem e tomarem decisões de forma
robótica, agindo exatamente iguais sobre as
mesmas circunstancias, de forma alguma, se
assim desejássemos, e fizéssemos, estaríamos
perdendo a nossa individualidade e porque
não a nossa humanidade, da qual faz parte
tomarmos decisões às vezes corretas, às
vezes nem tanto.
Partindo da observação das dificuldades
enfrentadas por muitas pessoas, de
diferentes níveis culturais e econômicos, e
também de diferentes idades, é que surgiu o
método de estudo, avaliação e orientação
Ramain-Thiers.
A Sociopsicomotricidade Ramain-Thiers é um
trabalho terapêutico voltado para
comprometimentos cognitivos, emocionais e ou
psicomotores que favorece a mediação da
afetividade e a aprendizagem. Trabalha
através de propostas e atividades que
revivem as fases do desenvolvimento
psicossexual do sujeito, influindo no viver
e conviver com as dificuldades e facilidades
no dia a dia do sujeito. Este processo é
composto por etapas de psicomotricidade
diferenciada, propostas corporais e
verbalização, onde o terapeuta faz a
interpretação, clarificação e ou pontuação
das necessidades emocionais apresentadas
tanto nas propostas corporais como na
verbalização dos pacientes.
O método Ramain chegou ao Rio de Janeiro
através de Simonne Ramain e sua equipe
vindos da Europa onde o método já estava
consolidado desde a década de 60.
No ano de 1972 a Coordenação Ramain no
Brasil passa a ser de Solange Thiers e Maria
Angela Kallás, onde foram criados os
primeiros grupos de estudo teóricos.
Após alguns anos, por volta de 1980, os
questionamentos referentes à
psicomotricidade eram mais abertos, buscando
maiores subsídios teóricos em diversas áreas
como a Sociologia a Psicologia e a
Psicanálise, valendo-se dos estudos já
consolidados destas áreas. Apoiando-se e
aplicando todos os conhecimentos acumulados,
a psicomotricidade passou então a olhar para
o corpo humano de uma forma mais abrangente,
passando a entender que o corpo humano é um
meio de representação e simbolismo.
Durante anos, muitos estudos foram
realizados buscando um maior embasamento
teórico para o desenvolvimento de um padrão
de estudos, baseado em normas e regras a
serem seguidas, facilitando assim a formação
de novos terapeutas, fornecendo a eles uma
bagagem muito maior de informações e
conhecimento, facilitando seu trabalho e
orientando-os da melhor maneira possível a
como preceder em seu trabalho.
A psicanálise foi à área de estudos que
mais contribuiu para o entendimento dos
processos psíquicos e psicopatológicos de
cada indivíduo. No ano de 1991, efetivou-se
o processo terapêutico Ramain-Thiers no
Brasil. E foi baseada nesta visão muito mais
holística do ser humano que a
psicomotricidade Ramain-Thiers, passou então
a ser encarada como uma matéria
transdisciplinar, analisando as diversas
funções cognitivas, psicolinguísticas e
motoras, sócio emocionais e simbólicas,
passando a ter uma ação educativa,
reeducativa e terapêutica.
Durante o processo avaliativo do paciente, é
que o profissional habilitado pode detectar
as necessidades do paciente, analisando
cuidadosamente em que fase de seu
desenvolvimento houve algum comprometimento
e como deve ser trabalhado. As fases do
desenvolvimento psicossexual foram
inicialmente abordadas e defendidas por
Sigmund Freud, queas classificou em quatro
fases distintas, relacionando-as com a
libido e onde ela se concentra durante os
anos iniciais de desenvolvimento dos seres
humanos.
A primeira fase identificada por
Freud, é a fase oral, que se inicia no
nascimento e estende-se até no máximo os 18
(dezoito) meses de vida. É a fase onde o
indivíduo tem um contato muito próximo com a
mãe e o amor demonstrado, carinho e atenção
dedicados por ela. Nesta fase inicia-se o
processo de desenvolvimento dos sentimentos
de abandono e confiança, ou seja, por
instantes a mãe irá ausentar-se (abandono),
sentimento que pode ser equilibrado com o
desenvolvimento da confiança, pois o bebê
sabe que a mamãe retornará.
Cabe a mãe nesta fase demonstrar
amor incondicional desenvolvendo no filho o
amor pela vida, contribuindo assim,
diretamente para o desenvolvimento da
autoestima do indivíduo.
Na segunda fase, denominada de
fase anal, que pode iniciar-se a partir dos
12 (doze) meses de idade e estender-se até
os 3 ou 4 anos. Porque fase anal? É onde a
libido concentra-se, na região anal. É a
fase onde a criança toma consciência da
defecação, sendo a ela, prazeroso aprender a
controlar o esfíncter. Também é nesta fase
que a criança começa a tomar conhecimento de
um meio maior, aprendendo que pode explorar
muitas novidades, em um ambiente muito mais
amplo, mas que também tem limitações, e
obrigações, e também passa a competir pela
atenção de outros indivíduos, demonstrando
uma necessidade inerente de ser aceito no
meio, nesta fase é que acontece o
desenvolvimento da autonomia, extremamente
importante para o desenvolvimento social do
indivíduo, onde a troca da informações com
outros indivíduos e com o meio irão
agregando conhecimento e iniciando a
identificar as diferenças entre cada ser.
Trata-se portanto de um período de
construção bastante flexível, e aberto a
muitas mudanças.
A fase fálica, esta compreendida
entre os 3-4 anos aos 5-6 anos, fase esta,
onde as crianças descobrem a genitália,
passando a toca-la direta ou indiretamente.
Nesta fase a criança passa a ter uma maior
capacidade de organização, tanto mental como
física, orientando-se pelo senso de
autonomia e confiança adquirido em fases
anteriores, e passa a interagir de uma
maneira muito mais intensa com o meio, sendo
necessária uma boa dose de responsabilidade
para o desenvolvimento de certas tarefas e o
atingimento de determinados objetivos.
Destaca-se nesta fase um dos pontos
negativos no desenvolvimento do indivíduo,
sendo ele a agressividade, causada pela
necessidade de atingir determinados
objetivos, ou até mesmo o desenvolvimento do
complexo de Édipo (fixação pela genital do
progenitor do sexo oposto).
A quarta fase é distanciada da
fase fálica por um período de latência, ou
seja, é um período transitório entre a
genital infantil e a genital adulta. Neste
período de latência é quando as crianças
absorvem muito dos adultos, seu
comportamento, suas normas, seus valores.
Durante este período desenvolvem-se dois
sentimentos fundamentais para o indivíduo. A
inferioridade e a perseverança.
A inferioridade pelo fato de não conseguirem
atingir certas metas, ou realizarem
satisfatoriamente alguma atividade ou
tarefas propostas pelos professores ou pelos
pais. E a perseverança, quando sentem prazer
em concluir as tarefas propostas, mesmo que
seja necessário um esforço árduo para
completar a atividade, ou mesmo refaze-la
algumas vezes.
A fase genital é integralmente
conduzida pelos hormônios. Onde o indivíduo
passa a olhar não apenas para si mesmo, mas
também passa a olhar para os outros. Pode
ser um período bastante conturbado, onde
existem muitos conflitos internos, sobre a
sua identidade, e também sobre a sua
aceitação em determinado grupo. O corpo
passa por grandes mudanças em um curto
espaço de tempo, e sendo assim o indivíduo
pode ser facilmente influenciado,
ressaltando assim a necessidade de um
acompanhamento bem próximo de seus pais para
que a construção da identidade seja forte, e
que o indivíduo passe a entender a sua
singularidade, formando assim um alicerce
muito forte para a compreensão de si mesmo,
e dos outros seres que estão a sua volta.
Um dos aspectos que diferencia a
SociopsicomotricidadeRamain-Thiers de outras
terapias, é o fato de que todas as propostas
de trabalho estão diretamente relacionadas
às fases de desenvolvimento psicossocial do
indivíduo ou do grupo. Sempre que não houver
uma resposta ao pedido ou ao proposto, o
feeling do terapeuta, o fará flexível,
retornando se necessário a estágio
anteriores. Todo este trabalho de
psicomotricidade diferenciada e de
verbalização tem o objetivo de reviver
sentimentos e emoções, expondo ao terapeuta
direta ou indiretamente os pontos que
necessitam ser trabalhados para a melhoria
da autossuficiência do indivíduo.
É importante ressaltar que o atendimento a
crianças deve ser feito em períodos breves.
As sessões devem ser alternadas, entre
diretivas e não diretivas, o feeling
e a flexibilidade do terapeuta é que irão
determinar a tônica das sessões.
A utilização de diferentes materiais, como
bolas de pesos, texturas, bolas de encher,
tijolos para equilíbrio, instrumentos
musicais, sacos de areia, cantigas, desenhos,
arames, e outros, são os materiais que irão
despertar os aspectos inconscientes do
paciente, ou seja, a utilização de todos
estes materiais é o método facilitador que o
terapeuta deve aproveitar para atingir o
objetivo do atendimento.
Todo o trabalho corporal da técnica
Ramain-Thiers, conduzirá o indivíduo de
forma inevitável a entrar em contato com os
próprios sentimentos.Desde as propostas de
desenhos, montagens e jogos tanto quanto as
propostas de cunho corporal podem ser
distribuídas de diversas formas, em diversas
posições para visualização e análise. Como
por exemplo nas propostas corporais diversas
posições podem ser utilizadas para avaliação
como a posição deitado e seus exercícios, a
posição sentada, o olhar, organização
temporal ou cadência, respiração, sopro,
equilíbrio, deslocamento e orientação.
É principalmente trabalhando com estes
princípios básicos de desenvolvimento da
atenção interiorizada, do processo criativo,
a busca da autonomia e a mudança de atitude,
que a metodologia Ramain-Thiers vem buscar a
autonomia do indivíduo, aprendendo a
respeitar os limites do próprio corpo, e
principalmente aumentando a sua autoestima e
confiança em suas habilidades, devolvendo
noindivíduo a capacidade de tomar em suas
mãos as rédeas de qualquer situação.
Há que se levar em consideração nos dias
atuais que com o passar dos séculos a
organização familiar passou por muitas
mudanças, e nas últimas décadas algumas
mudanças podem ser consideradas drásticas se
comparadas a estrutura familiar do início do
século XX, onde a família tinha como
autoridade suprema o pai, que norteava as
atividadesdas famílias, regendo as normas
que deveriam ser cumpridas. Com o passar dos
anos e principalmente após as duas guerras
mundiais do século XX, a mulher passa a
desempenhar o papel também de provedora,
deixando a educação dos filhos para os avós,
ou escolinhas, deixando assim com que os
filhos deixassem de ter certos limites e
respeitarem regras as quais eram
anteriormente muito fortes.
Deveras estas mudanças resultaram
em grandes danos para os indivíduos, de modo
que passamos a encontrar na sociedade,
indivíduos cada vez mais egoístas, mimados,
superprotegidos, com baixa tolerância à
frustração, estressados, violentos e
depressivos, já que não tiveram uma base
sólida no seu desenvolvimento, abrindo
brechas para que estes comportamentos
viessem à tona. Os indivíduos deixam de ter
como base ou espelho as atitudes, normas de
conduta e valores de seus pais, passando
assim a procurar em outros, alguém em quem
possam espelhar-se, não importando se está
certo ou errado, já que não tiveram a base
familiar necessária para os orientar a
tomarem as suas decisões.
A metodologia Ramain-Thiers
resgata o afeto, a sensibilidade e as
emoções, além de habituar o indivíduo a
trabalhar em grupo, respeitando as
diferentes opiniões dentro da sociedade em
que está inserido, e tornando-o apto a
formar novas conexões sociais. Fazendo isso,
resgata-se valores morais e éticos, hoje
muito esquecidos, tornando o indivíduo mais
sociável, mais humano, tornando a sua
trajetória de vida muito mais tranquila e
segura.
Não é nenhum absurdo salientar que
o resultado atingido com apenas um indivíduo,
pode ocasionar um efeito cascata, com efeito
em toda a sociedade, servindo de exemplo
para outros e modificando, com suas atitudes
o ambiente ao seu redor.
De que forma a metodologia
Ramain-Thiers resgata tudo isso? De três
formas. Primeiramente com trabalhosmanuais,
atividades de recorte, simetria, dobraduras,
cópias, trabalhos com arames, quebra cabeças,
e a utilização de uma infinidade de outros
itens como lápis coloridos, cola, durex,
linhas, pincéis, e também a utilização de
materiais padronizados como papéis
quadriculados, pontilhados, triangulares,
pranchas perfuradas, etc.
Podemos afirmar que o a leitura simbólica
dos desenhos, ajuda o terapeuta compreender
os processos individuais dentro do grupo, e
diferentemente da psicanálise, onde apenas a
verbalização é utilizada para a avaliação do
indivíduo ou do grupo, em Ramain-Thiers a
leitura simbólica se dá pelo verbal, pelo
gestual, pelo corporal, e pela relação com
desenhos, tornando assim a visão do
terapeuta em relação ao paciente, muito mais
abrangente, porém não tentando obter uma
resposta direta do paciente, e sim
trabalhando de forma analítica,
compreendendo o pedido inconsciente do
indivíduo ou do grupo.
Em um segundo momento as atividades
corporais, buscando ativar no indivíduo uma
interiorização, para que ele possa
compreender melhor a relação do seu mundo
interior e a relação deste com a sociedade
em que está inserido. Busca-se esta
interiorização utilizando-se sempre a música
e alguns objetos como bolas, bambolês,
cordas ou fitas, fazendo com que o
indivíduose movimente e ativando a sua
sensibilidade corporal e passe a compreender
melhor seu corpo, seus limites e suas
necessidades. Ainda nas propostas corporais
podem ser desenvolvidas atividades de
relaxamento, sonorização, e propostas
respiratórias.
O principal ponto a ser destacado na
utilização de todas estas propostas é a
possibilidade do terapeuta de alternar as
estas atividades, buscando assim uma melhor
compreensão das reais necessidades do
paciente. Não podemos deixar de mencionar a
importância da adaptabilidade e correta
utilização das propostas em seus diferentes
pacientes, principalmente levando em
consideração, em que fase da vida o
indivíduo encontra-se, criança, adolescente,
jovem ou adulto.
Estas intervenções possibilitam ao
profissional identificar em qual das etapas
do desenvolvimento do indivíduoocorreu algum
lapso, que, por conseguinte ocasionou algum
tipo de comportamento inadequado no presente.
E partindo desta observação poderá
desenvolver questões para o próximo passo do
atendimento, visando um melhor entendimento
da situação, e direcionando o atendimento
para a construção da autonomia do paciente.
A Verbalização é o terceiro passo
durante o processo terapêutico Ramain-Thiers.
É nesta etapa que o indivíduo pode
verbalizar quais as associações que ele fez
durante as fases anteriores, e a relação que
estas tem com a sua vida. Para que o
terapeuta encaminhe o atendimento até esta
etapa é necessário que ele tenha a total
confiança do paciente, ou do grupo em
atendimento, fazendo com que o paciente
verbalize de forma espontânea seus
sentimentos, e seus conflitos, fornecendo
assim ao terapeuta todas as informações que
este necessita para guiar o atendimento aos
objetivos propostos.
Quando este processo ocorre em grupo,
reinstala-se em cada indivíduo o conflito
edípico, ocorrendo desta forma a
transferência para outros elementos do grupo
ou até mesmo para o próprio terapeuta. Muito
embora esta transferência ocorra de maneira
inconsciente, acaba por auxiliar de maneira
formidável no desenvolvimento emocional de
cada integrante do grupo.
Durante a realização das
atividades propostas pelo método
Ramain-Thiers, surgem muitos desejos e
conflitos que estavam adormecidos no
indivíduo, e também os erros na realização
de tais desejos e conflitos, e por
consequência desta visualização, abre-se a
oportunidade para a elaboração de uma
reparação dos erros cometidos, ou mesmo que
a reparação não seja possível, a própria
compreensão do que aconteceu e de suas
consequências, podem fazer com que o
indivíduo tome atitudes condizentes com
estes novos parâmetros, que agora fazem
parte de seu escopo.
Esta fase inicial de atendimento em que se
busca a confiança do paciente, é bem
delicada e deve ser conduzida de tal forma
que possa quebrar as resistências, incluindo-se
a resistência do paciente em estabelecer
novos vínculos. Nestes primeiros contatos
pode ocorrer a resistência de transferência,
onde o paciente pode sonegar pensamentos e
ocultar sentimentos como os de culpa, ou
resistências do superego em relação a
desejos sexuais, do período de
desenvolvimento edípico.
Quando falamos em atendimento em grupo, a
leitura das propostas realizadas pode ser
feita pode ser feita de forma vertical, ou
seja, interpretar os conteúdos de cada
membro do grupo individualmente. Ou então
realizar esta leitura, de forma horizontal,
fazendo a leitura do grupo como um todo, ou
ainda pode-se realizar uma leitura
transversal, que é onde encontra-se a
interferência do real com o emocional, onde
se ambientam as questões de ordem social, ou
seja, o indivíduo vive as suas emoções na
sociedade em que está inserido, ao mesmo
tempo em que diariamente é bombardeado por
informações e dificuldades indiretas que
afetam diretamente o seu comportamento,
tornando o presente e futuro sempre algo a
ser temido, que traz angústia, ansiedade e
decepção, causando um gama de sentimentos
confusos.
O que é realmente importante é que
todos sejam capazes de tomar suas decisões
de forma sábia, baseadas em todo o seu
histórico, sua carga genética, sua cultura,
sua educação, formando famílias ou não, de
acordo com as suas necessidades e interesses,
de forma a tornar a nossa sociedade mais
produtiva, mais educada e colaborativa,
contribuindo para o bem estar de todos que
estão a sua volta, seja em sua família, no
seu local de trabalho, ou entre seus amigos,
contribuindo para que toda a sociedade torne-se
mais justa, reduzindo o individualismo e o
egocentrismo tão comum nos dias atuais.
A terapia Ramain-Thiers, coloca lado a lado
arte e corpo. Utilizando-se das diversas
propostas mencionadas anteriormente para seu
processo terapêutico. A terapia
Ramain-Thiers não tem o objetivo de
padronizar as ações dos indivíduos, ela
respeita as diferenças de cada um dos
pacientes. Seu objetivo principal é
encaminhar o indivíduo à autonomia, para que
ele tenha em suas mãos ás rédeas de sua vida,
controlando e analisando cada uma de suas
decisões, em busca de uma vida mais feliz e
justa para ele mesmo, porém não estimulando
o egocentrismo, mas sim uma visão ampla de
entendimento do comportamento e das
dificuldades de todos, gerando empatia para
com o sofrimento alheio, partilhando e
desenvolvendo uma vivencia democrática de
liberdade, respeito, amor e solidariedade.
Ao desenvolver atividades no grupo fica
visível a interação de todos na execução das
propostas. Um dos casos havia uma autonomia
no desenvolvimento enquanto a outra uma
dependência de olhar um “molde”. No decorrer
é possível verificar um crescimento buscando
melhorar essa insegurança e dependência do
outro na execução das propostas.
O processo terapêutico é um caminho de
desenvolvimento da pessoa como um todo sem
acelerar o andamento, acontecendo a cada
atividade desenvolvida dentro da sessão
atendendo a fase em que o paciente se
encontra
REFERÊNCIAS
GERALDI, Ana C., THIERS,
Solange.
Corpo e Afeto – Reflexões em Ramain-Thiers.
Rio de janeiro, 2009. Wak editora
THIERS, Elaine.
Compartilhar em Terapia – Seleções em
Ramain-Thiers. São Paulo, 1998. Casa do
Psicólogo.
THIERS, Solange.Sociopsicomotricidade
Ramain-Thiers – Uma leitura emocional,
corporal e social. São Paulo, 1994. Casa do
Psicólogo.
http://psicopedagogiaonline.com.br/index.php/publicacoes/
entrevistas/2070-sociopsicomotricidade-ramain-thiers-uma-nova-possibilidade-de-desenvolvimento-pessoal
Acesso em dezembro/2017.
Sônia de Fátima dos Santos
Pego.
http://soniapego.blogspot.com/2010/09/sociopsicomotricidade-ramain-thiers.html
Acesso em novembro/2017
Wikipédia.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicomotricidade.
Acesso em julho/2017. |