Refletindo a Sociopsicomotricidade
Ramain-Thiers
Elza Maria Nunes de Paula
Pedagoga
Esse artigo trata-se de um relato de sessões
realizadas com um grupo de crianças,
nomeadas de G., L., J.
e Li e pretende refletir como também
verificar a atuação da Sociopsicomotricidade
Ramain-Thiers nos indivíduos e a sua
contribuição para vivenciar a sua
afetividade, assim auxiliando a criança a
integração em sua vida dos sopros que a
marcaram profundamente positivos ou não.
O ser humano precisa sentir o sopro da vida
que vem do outro. O sopro quente das
relações que começam a ser tecidas antes
mesmo do nascimento, que fará sentir o
amparo, que não está só neste mundo e o
levará a participar da vida de outros seres
humanos. Neste movimento o indivíduo é
convidado a sair de si para ir ao encontro
com o outro.
Inicialmente foram aplicadas as sessões
livres para a avaliação do grupo com os
desenhos da casa, da família e desenhos
livres, ou seja, o que chama mais a atenção
nos desenhos:
Repentinamente:
G.: Tá Gravando.
Li.:
Fala para J. dizer alguma coisa senão,
não grava a voz.
G.: Eu gosto de gravar a minha voz.
L.: Onde você comprou esse gravador de
voz.
G.: É pra gravar nossa voz e eu não tenho
medo.
Neste momento o grupo percebe um gravador na
sala e fica ameaçado por uma possível
gravação do que se passa na sessão. Mesmo
com autorização das crianças e dos pais,
pois a gravação foi combinada ao reunir o
grupo, percebe-se claramente o quanto temos
que cuidar da confiança e insegurança das
crianças que necessitam ter bem firmes as
atitudes dos pais, professores, terapeutas
que passam por elas, pois sem a segurança
não se consegue trabalhar.
Ao mostrar como acontecia a gravação,
lentamente as crianças se acalmam, se
desprendem do gravador e voltam novamente ao
que estão fazendo.
G.:
conta que está doente e que vai operar
detalhando o que vai fazer antes da cirurgia.
Ao término deste momento discutem para
guardar os brinquedos e decidem deixar a
bola em cima da caixa.
Na proposta seguinte, CR 20/01, uma
atividade semidiretiva, confecção de um
porta retrato, o grupo permanece em silêncio.
O silêncio é quebrado por L. que
questiona mais uma vez sobre o gravador e
sobre quem vai escutar o que está gravando.
Ao ser informado que outras pessoas não
teriam acesso ficou satisfeito e J.
questiona se virão outras crianças quando
saírem. Novamente fica claro o desconforto
do grupo e o retorno da insegurança e da
confiança não muito bem trabalhada ainda.
No trabalho corporal, numa proposta onde
havia o contato com o outro, G. diz:
foi gostoso, foi uma delícia andar juntinho
parecia um chiclete.
Questiona-se o porquê do Chiclete e em quem
gostam de colar.
G.: responde: é gostoso andar grudado
na minha mãe e no meu pai, com minha mãe eu
sou um grude, aonde ela vai vou atrás.
L.: Aonde meu pai e minha mãe vão,
vou também.
Li.: Eu queria ser um chiclete.
L.:
Por que? Você quer ser mastigada?
Li.:
Eu gosto de grudar nos outros e não sair
mais.
L.:
Gostaria de grudar no armário da minha mãe.
O armário tem um aqui, outro ali, outro lá,
outro aqui. Nunca ficaremos sem. Às vezes
meu pai pega o carro e eu peço para ir com
ele e ele deixa, às vezes, vou com minha mãe.
G.: Um dia eu disse para o meu pai
deixar eu ir junto, quase que ele não deixou
e eu comecei a chorar e ele deixou, se não
deixar eu choro, tem vez que ele me leva,
tem vez que não.
Questiona-se: Então o choro não resolve?
G.: Não, mas às vezes resolve.
L.:
Quando nossos pais vão sair, a gente acorda
e fica querendo ir. Eu choro para minha mãe
deitar comigo na cama.
Li.: Se não chorar eles não dão
carinho, não fazem massagem.
J.: a minha mãe não faz carinho nem
se eu chorar.
O ser humano é afetivo. O afeto o alimenta
durante toda a trajetória de sua vida. Esta
necessidade de afeto é observável nos
diálogos que as crianças fazem durante toda
a sessão
Estar grudado pode representar necessidade
de segurança, afeto e a ilusão de que o
outro está presente em todos os momentos,
trazendo uma sensação que é própria do bebê
que só entende o amor quando este vem com
contato físico.
Segundo Bowlby (Fontes, 2002 p. 441) entre
duas pessoas existe uma parceria e esta é
adquirida por um determinado preço, como
cada pessoa tem suas metas esta parceria só
se dará quando um dos parceiros abandonar ou
ajustar suas metas em prol de uma
harmonização com o outro. E o ajustamento
vai depender de vários fatores, se tratando
de mãe e filho, estes ajustamentos podem ser
feitos quantos foram necessários para que
haja uma adequação ao outro embora as vezes
possa acontecer que um dos parceiros imponha
sua vontade.
Com exceção de J., que deixa
transparecer que sua parceria com a mãe está
conflitada por algum motivo, as outras
crianças demonstram que existe uma parceria
feliz, um constante dar e receber, “mesmo
numa parceria feliz, contudo, é provável a
existência de pequenos conflitos” (Fontes,
2002.p.401).
Pode-se observar a necessidade que G. e
L. têm de receber carinho, de estar
junto, para isso usam de todos os meios, e o
choro é algo utilizado com freqüência junto
aos pais para obter atenção desejada mesmo
sabendo que nem sempre dá resultado positivo
sabem que é eficaz pois desde o nascimento é
usado com forma de comunicação. E uma forma
eficaz de obter a atenção do outro e de
conseguir o que se quer de maneira mais
rápida, muitas vezes o choro significa o
desejo de ser amado e protegido e tem “como
resultado previsível o aumento da
proximidade da mãe em relação a criança” (Fontes,
2002 p.303).
Também fica muito evidente como desde muito
cedo as pessoas buscam ser sujeitos com sua
individualidade, e como esses momentos
trazem vivencias de casa relacionadas a
questões afetivas como ciúme, disputa de
carinho e medo de perder determinadas
propostas.
J. na proposta do CR 09/09, conjunto
que trabalha, as vivências sob temas musicas
que promovem experiências de relação com
conteúdos muito primitivos copia o que
Li. faz e isto a incomodava muito. Li
diz: eu não gosto que ela me imite porque
desde cedo, quando eu era bem pequenininha,
não gostava que ninguém me imitasse!
Li.: Eu sabia que ela ia me copiar,
isso me irrita. Olha em tudo ela me copia e
imita. Olha aqui eu fiz uma nuvem, ela fez
também, eu fiz uma linha reta, ela fez
também e eu não gosto.
A imitação na psicologia é estudada em
diferentes correntes teóricas. Na teoria
genética, a imitação acompanha o nível de
desenvolvimento, formando estruturas
internas de representação simbólica
evidenciando a inteligência, sendo cópia de
imagens que são interiorizadas (PIAGET,
1978). Para a concepção behaviorista, a
imitação é a cópia objetiva e mecânica do
que está próximo, modificando o
comportamento do indivíduo e compondo seus
hábitos. A criança aprende por modelagem,
observação (FRANÇA, 1998).
Esta tradição será quebrada por Vygotsky,
que vê na imitação um processo dinâmico que
favorece e possibilita a aprendizagem,
desmistificando o aspecto mecânico ou
restrito que lhe é conferido. Questão que
não tem passado despercebido por estudiosos
da obra de Vygotsky, como podemos observar
em Duarte (1999)Damiani (2001) e Gasparin
(2002).
J diz: Eu copio porque eu não sei
fazer nada, mas foi uma delícia imitar! Eu
gosto de imitar a J. porque eu quero.Quando
eu brigo com ela, ela bate em mim. Quando
meu pai chega lá ela fica boazinha, ela faz
gracinha para o meu pai, nem é pai dela.Li.
Meu pai brinca com ela, faz tudo com ela,
porque ele não pode fazer comigo?
A: A mãe dela é boazinha, a minha é bravona,
ela bate em mim. Quando minha mãe bate em
mim eu falo: chata e ela me xinga. A mãe
de Li. me busca na escola e não briga comigo,
ela me abraça, brinca. A. falava da
necessidade de carinho, atenção e do ciúme
provocado por esta falta. “O ciúme é
baseado na inveja, mas envolve uma relação
com pelo menos duas pessoas; diz respeito
principalmente ao amor que o indivíduo sente
como lhe sendo devido e que lhe foi tirado,
ou está em perigo de sê-lo, por seu rival”.
(Klein, 1991, p. 212).
Em outro momento: Li. diz: Só porque
eu cortei o dedo com a faca, eu tava
brincando e cortei aqui, eu tava cortando
uma bolinha e meti a faca aqui. Eu não vi
não foi por querer. A. pegou a faca e meteu
no dedo também, só porque eu cortei 0 meu.
Um dia fui lá no banheiro molhei o cabelo e
passei creme, ela foi e molhou o cabelo e
passou também.
A: É mentira dela, eu tava brincando
também e cortei. J.: Não é ta, A.
Você cortou e falou J. eu também cortei. É
verdade lembra foi quando a minha mãe
começou a cuidar de você.
Nesse relato acima pode -se perceber que as
relações são condições básicas para a vida.
A presença do outro vai aos poucos
proporcionando a construção de quem somos. O
outro vai mostrando e apontando
comportamentos existentes dentro de nós.
Assim a cada dia, a cada momento a outra
soma, resignifica, mostra o que e quem se é.
O outro as vezes ameaça, mexe com os
sentimentos mais profundos, desperta o medo
de perder, o medo de amar, o medo de sentir
seja qual sentimento for. Aparentemente uma
briga ingênua, mas que evocam sentimentos
escondidos. Foi preciso passar por varias
situações para que trouxessem algo que as
estavam incomodando.
O outro também traz sensação de prazer, como
também traz à tona momentos de carinho e de
satisfação. Esses sentimentos foram
vivenciados com propostas de trabalho
corporal, onde havia momentos em que o toque
era preciso. “O tocar é essencial a
comunicação, sendo um autentico ponto de
encontro entre as pessoas. .... Através do
toque podemos mobilizar o outro... (monteiro
2001 pg.126).
L. diz: é gostoso ficar juntinho. G:
completa: A hora que eu e L. nos
unimos e caminhamos foi muito bom, parece
que a gente ta brincando de bebê com a mãe
da gente. Meu machucado parou de doer,
lembrei quando minha mãe faz carinho, dá
beijinho, passa a mão, quando cobre e pega
no colo. L. diz: Lembra quando ela dá
beijinho, abraço, mexe no cabelo.
A. participa com um olhar de tristeza
e comenta: Eu também gostei, mas minha mãe
não faz carinho, ela bate. Eu tenho vontade....
Nem quando eu durmo ela faz. Ela vai para o
inferno.
Em outra sessão no término do porta retrato
J. traz novamente a dificuldade com sua
mãe. G. diz vou colocar no porta
retrato a foto da minha mãe e se ela deixar
vou colocar no meu quarto. L. eu vou
colocar a foto da minha mãe e do meu pai e
depois vou por no meu quarto. Li. Eu
vou colocar uma foto minha, tiro a foto do
outro quadro e vou colocar, um dia eu
rasguei uma foto minha e meu pai pegou todos
os pedacinhos e colou, depois colocou no
livro de trabalho dele. J. também
comenta e diz: vou colocar a foto da minha
mãe, pego escondido, ao ser interrogada por
que precisa pegar escondido ela diz: se eu
pedir pra minha mãe ela não dá. Li.
Pergunta: e se sua mãe descobrir? J.
Ela me bate, ela sempre me bate e xinga.
Percebe-se nestas crianças que a necessidade
de afeto é enorme e deixa claro que “quando
o corpo possui a intenção de conquistar o
outro sob dominação, a mão deixa de ser
suave para tornar-se garra, corrompendo o
encontro, incapacitando o diálogo,
distanciando a relação. (Monteiro,2001,
pg.127)
Na sexta sessão após uma proposta corporal
onde havia movimentos com as mãos e pés,
pernas e braços, surge o seguinte diálogo:
G. Foi gostoso, porque o corpo fica
saudável, mais forte. L. todo sábado eu
faço ginástica com meu pai e minha mãe.
L. diz é bom para ficar forte e falam
sobre ficar gordos. Li. diz: A J.
vai ficar gordona. G. Eu não acho a
J. gorda. J. diz querer ser gorda,
gosta que a chamem de gorda e diz que a mãe
a chama de gorda baleia e outros
denominativos, repete que quer ficar gorda
baleia.
Ser gorda é uma forma de se relacionar com a
mãe, mesmo que esta forma de relação não
seja saudável, pois “é na dança das relações
que existimos e nos realizamos em nossa
corporeidade. (Monteiro 2001 p.36). Existe
um acordo entre as duas já que as histórias
estão interligadas e esse acordo segundo
Monteiro será mantido enquanto houver
coerência entre as histórias e se essa
coerência for rompida novos arranjos
entrarão em vigor caso contrário “ o corpo
se inclinará à procura de outros vínculos
que se associem a nova mudança estrutural” (Monteiro
2001 p.36).
Este assunto vem à tona novamente quando foi
trabalhado o conjunto CR. 18 que são as
histórias contadas e “tem por finalidade a
projeção das crianças e a identificação com
os personagens da história”. A história
contada foi A porquinha do rabinho
esticadinho de Rubem Alves.
Li. A gente tem que ser do jeito que
Deus criou a gente. Eu adoro ser eu mesma.
Não, não gosto de uma coisa eu gostaria de
ter olho azul. Eu puxei a minha mãe, minha
avó tinha olho azul. G. O meu olho fica azul
e verde e minha mãe acha lindo. L.
minha mãe sempre diz que quando eu era
pequeno era um bebê lindo. J. Eu não
quero ficar magra, eu penso que vou ficar,
muito, muito gorda, igual à mulher da escola.
Li. Eu queria que a porquinha tivesse o
rabinho enroladinho e eu queria ter o cabelo
grande porque eu cortei. G. Vou
deixar meu cabelo crescer. J. eu
queria ter o rabinho enroladinho. Eu queria
ser um porquinho, eu sou bem gordinha.
J. está impregnada da fala da mãe
quanto a ser gorda, deixa transparecer uma
forte identificação a ponto de querer ser um
porquinho, ou mesmo ser muito gorda como a
mulher da escola, muitas vezes há uma forte
correspondência do que os pais querem ou
esperam de nós. É difícil sair das
expectativas criadas por pais em relação aos
filhos, estas podem permanecer por toda a
vida.
Esses momentos deixam J. sempre
angustiada e ansiosa, e em qualquer situação
conflitiva faz uso do dedo na boca para
suportar as frustrações e privações
lembrando o uso que a criança faz em alguns
momentos do objeto transicional e de posse a
este objeto “efetua uma verdadeira tomada de
posse sobre o objeto, geralmente o enxovalha,
chupa, suga-o, destrói-o, deposita nele
afetos variados” (Fontes, 1999 p.213). G.
também faz uso de um objeto transicional e
trouxe isso em um determinado momento, mas
esta é uma boneca chamada Stefani princesa
dizendo: Não consigo dormir sem que a boneca
esteja ao meu lado. As vezes eu deixo ela na
sala e tenho que levantar e pegar a Stefani
aí eu durmo rapidinho.
É muito evidente a importância do uso do
objeto transacional nestes dois casos.
Entretanto para muitas crianças este objeto
se mantém escondido, não é um objeto
permanente já que pode ser trocado ou
substituído por outros ao longo do
desenvolvimento. Assim o objeto deve ser
respeitado, pois “o mundo nunca é como nós o
criamos e o melhor que pode acontecer a
qualquer um de nós é que haja uma
coincidência suficiente da realidade externa
com aquela que podemos criar”. (Fontes, 1999
pg.213).
Para Winnicott esse objeto é Importante na
vida da criança porque eles dão a capacidade
de conviver com as frustrações e privações
bem como a apresentação de situações novas e
em uma situação de separação ou de
transferência de um lugar para outro de uma
criança quando privados desse objeto “a
criança é incapaz de funcionar como um ser
humano total” (fontes1999 p.213)
A cada proposta realizada novas situações se
apresentam, situações estas que devem ser
vivenciadas para que um novo significado
seja dado como a situação de G. em
relação a morte de seu Tio, que deixou de
ser algo tão secreto que a fazia calar-se
não somente para os outros, mas para ela
mesma. A partir do trabalho pode deixar seus
sentimentos eclodirem, permitindo-se chorar
e sofrer a perda até então negada. J.
que era uma criança que não cuidava muito de
seu aspecto, ou seja, andava com roupas
maiores que ela, as vezes comparecia as
sessões vestida com roupas da mãe e suja,
com o passar do tempo foi criando um auto
estima que deixava transparecer no exterior,
deixa transparecer a mudança em seu corpo.
Seu relacionamento com a mãe mudou, sua mãe
também sofreu um processo de mudança, no
decorrer do trabalho com J. foi
necessário entrar em contato com a mãe
algumas vezes e isso possibilitou juntamente
com o trabalho construir novas formas de
relacionamentos entre J. e sua mãe.
L
e Li. também fizeram a sua caminhada,
experimentaram diferentes sensações e
sentimentos a partir de uma mesma proposta
respondendo cada um dentro de sua
individualidade, mas que possibilitou uma
ressignificação de conteúdos nem sempre
expressos. Cada um trouxe para as sessões
suas experiências que apesar de tão pouca
idade já trazem marcas profundas. Marcas que
nem sempre são visíveis, mas que estão ali e
com as propostas tiveram a oportunidade de
trazer à tona nem sempre de uma maneira tão
compreensível para mim que muitas vezes me
via retratada em cada um.
Um observador que se sentar à beira de um
rio para contempla-lo em silêncio verá que
as águas correm sempre e sempre, em
movimento ininterrupto, poderá constatar
também o quanto o fluxo do rio é mantido ou
acelerado pelos obstáculos encontrados pelo
caminho, como galhos de árvores, rochedos ou
mesmo a estreiteza das margens em
determinados pontos do seu percurso. Estes
obstáculos, porém, nunca poderão cessar o
fluxo do rio, ao contrário, possibilitarão
novos modos de ritmo, evidenciando sua força
e beleza. (...). Qual o destino das águas? A
resposta é simples: não podemos saber, pois
as águas só possuem a certeza da mudança a
cada obstáculo, a cada bifurcação encontrada
em seu trajeto (…). Entretanto, a dúvida
persiste e o observador é instigado a buscar
respostas para compreender o que lhe falam
as águas.
Penso que este trecho descreve bem o
trabalho realizado com Ramain Thiers, o de
observar para ver o movimento de cada pessoa
que ali se encontra para o trabalho,
perceber os obstáculos que impedem o sujeito
as vezes de caminhar e que o leva muitas
vezes a encontrar um novo percurso, percurso
este que poderá leva-lo a tantos caminhos.
Pode-se perguntar. Qual é o caminho das
águas, ou seja, qual o caminho de cada
criança que passou por este trabalho. Não
posso dizer com certeza, pois tiveram muitos
obstáculos, muito trajeto a ser percorrido.
No decorrer do Ramain Thiers procurei
entender o que eles falavam, e falavam de
aceitação, medos, angustias, necessidade de
afeto. Traziam seus mundos para serem
partilhados e que se não houvesse cuidado e
afeto poderia ser uma experiência
improdutiva tanto para eles como para mim.
Independentemente da idade com quem se
trabalha o Ramain-Thiers leva o sujeito a
transformar, a mudar o rumo das marcas
deixadas por suas histórias.
REFERÊNCIAS
MARCELLI, D. e BRACONNIER, A.
Manual de psicopatologia do adolescente.
Trad. FILMAN, A. E. Porto Alegre: Artes
Médicas. São Paulo: Masson, 1989.
OSÓRIO, L. C. Grupoterapia
hoje. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986.
THIERS, S.
Sociopsicomotricidade Ramain-Thiers: uma
leitura emocional, corporal e social. 2ª ed.
rev. e atual. São Paulo: Casa do Psicólogo,
1998.
THIERS, S. Orientador
Terapêutico para Crianças - CR. Rio de
Janeiro: Cesir – Núcleo Ramain-Thiers, 1997. |