pessoais mais íntimos. Essas palavras
reforçam meus temores de que não tenho um “eu”,
que todo mundo pensa na minha situação e
ninguém pensa em mim”. Mais tarde, ela
acrescentou que não apenas não tem um “eu”
(self), mas que eu também evitei introduzir
meu próprio self nos meus encontros com ela.
Ruminei suas palavras durante a
semana seguinte e, concluindo que ela estava
absolutamente certa, iniciei a sessão
seguinte reconhecendo o meu erro e
pedindo-lhe que me ajudasse a identificar e
a entender meus próprios pontos cegos nesta
questão. (Muitos anos atrás, li um artigo de
Sándor Ferenczi, um analista talentoso, no
qual ele relatou ter dito a um paciente:
“Talvez você possa me ajudar a localizar
alguns dos meus próprios pontos cegos. ”
Essa é outra das frases que se alojaram na
minha mente e frequentemente uso no meu
trabalho clínico).
Juntos, examinamos minha apreensão
com a profundidade de sua angústia e meu
profundo desejo de descobrir alguma maneira,
qualquer maneira que não fosse um abraço
físico para confortá-la. Talvez, sugeri, eu
estivesse me afastando dela nas sessões
recentes por causa da preocupação de que
tinha sido excessivamente sedutor em
prometer muito mais alívio do que algum dia
seria capaz de oferecer. E acreditava que
fosse esse o contexto da minha declaração
impessoal sobre a sua “situação”. Teria sido
muito melhor, eu lhe disse, simplesmente ter
sido honesto sobre meu desejo de a consolar
e minha confusão sobre como proceder.
Se você cometer algum erro, admita-o.
Qualquer tentativa de o ocultar acabará se
transformando num tiro pela culatra. Em
algum estágio, o paciente perceberá que você
está agindo de má fé, e a terapia sofrerá as
consequências. Além do mais, uma confissão
franca do erro é uma boa maneira de definir
modelos para os pacientes e mais um sinal de
que eles são importantes para você.
Referências
YALOM,
Irvin D. Os desafios da terapia:
reflexões para pacientes e terapeutas. Vera
de Paula Assis (trad). 2ª reimp. Rio de
Janeiro: Ediouro, 2006.P. 43. |