Vol. IX: Vitrais 81 - out 2016
A Revista da ABRT Associação Brasileira Ramain-Thiers - ISSN 2317-0719
 
     
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VITRAIS
Vol. IX: Vitrais 81

                        out 2016

 

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Artigo 1

 

Entrelaçando afetos, cognição e emoções

 

Angela Adriana Bandeira

 

Entrelaçando Afetos, Cognição e Emoções

 

Angela Adriana Bandeira

Pedagoga. Graduanda em Psicologia (10º Período).

Especialista em Psicopedagogia e Neuropsicologia.

Sociopsicomotricista Ramain-Thiers

 

A finalidade deste artigo é apresentar como a Sociopsicomotricidade Ramain-Thiers pode ser um recurso de intervenção no entrelaçamento dos afetos, do cognitivo e do emocional em um grupo de adolescentes, que apresentavam dificuldades de comunicação, de relacionamentos afetivos e de aceitação de regras e limites.

A fase da adolescência é marcada pelo momento de muitas transformações. Para algumas famílias é algo perturbador, um desafio diário, onde muitos pais não estão preparados para lidar com todas essas mudanças. Para os jovens, é o momento que se formam os círculos de amizades, começam a sedesprendem das famílias e a procurar modelos para a formação de sua identidade.

Segundo Aberastury (1992) na correspondência das mudanças corporais que ocorrem na puberdade, acontecem as mudanças psicológicas que levam a novas relações dos adolescentes com os pais e o social. Para a autora, há uma alternância entre a dependência e a independência, caracterizando um período de contradições, ambivalências e conflitos que só podem ser solucionados quando se elabora o "luto pelo corpo de criança, pela identidade infantil e pela relação dos pais de infância" (p. 24).

Mas isso acontece com todas as famílias? Todos os adolescentes agem desta mesma maneira?Pode-se dizer que, umas mais, outras menos. Por isso, o ideal, o mais adequado, é educar o adolescente enquantoele ainda é criança!

Esses assuntos recorrentes na atualidade tem sido uma temática bastante discutida entre pais/ responsáveis, educadores e profissionais. Surgem então alguns questionamentos: será a falta de limites, indisciplina, hiperatividade ou apenas uma fase?

Hoje em dia, é muito comum ouvirmos que pais e mães precisam ser amigos de seus filhos. Aqui, igualmente, é preciso ter cuidado com a inversão desta ordem.

Por outro lado, poderíamos levantar outras questões: “O que estará acontecendo com nossos pais e mães que parecem estar esquecidos de sua função de educadores desses jovens? ”.

THIERS (1998), afirma que nossa sociedade debate-se contra a falta de autoridade, oriunda da não entrada da função paterna. As pessoas não respeitam as Leis e estão inseguras na forma de como agir.

Percebo diariamente, que alguns pais são permissivos com seus filhos e quando “perdem o controle da situação”, alguns procuram uma ajuda profissional, atribuindo a este profissional a responsabilidade em “dar conta”, outros se escondem da culpa atrás de um diagnóstico.

Em Ramain-Thiers os grupos são heterogêneos, quanto ao tipo de comprometimento apresentado pelos componentes do grupo terapêutico. A sessão estrutura-se no entrelaçamento de três tipos de atividades, sendo elas: trabalho corporal, atividades de expressão motora fina denominada psicomotricidade diferenciada e verbalização. 

Para esta apresentação, o grupo foi composto por três meninos e uma menina. As sessões eram de duas horas, uma vez por semana, totalizando 28 encontros. Apresento-lhes os casos:

C.R. Sexo masculino, 12 anos. Chegou à clínicapor indicação de baixo rendimento escolar, pouco interesse pelas atividades acadêmicas, sexualidade precoce e dificuldade em seguir regras e limites. Pais separados, a mãe fala constantemente que irá arrumar as malas e mandar para a casa do pai para acabar com os problemas.

M.L., sexo masculino, 13 anos, está na 6ª. Serie, sem reprovações, apresenta erros ortográficos e dificuldades na matemática. Diagnosticado TDAH.

L.L, sexo masculino, 13 anos, apresenta queixas no seu comportamento, tais como: dificuldade no relacionamento interpessoal, dependência materna, dificuldade em aceitar e cumprir regras.Na escola, prefere perder notas a ter que entregar algo que não queira. Segundo a mãe por muitas vezes, o trabalho está pronto na mochila e não entrega.

L.M, sexo feminino, 13 anos, comunicativa, apresenta dificuldades de organização, desmotivação associada à desatenção, imaturidade, carência e dificuldade nas relações interpessoais e principalmente com seu irmão mais velho, buscando aceitação e reconhecimento, possui autoestima rebaixada.

Os primeiros sete atendimentos foram lúdicos juntamente com o Trabalho Corporal (TC), as sessões tinham como objetivo promover momentos de socialização do grupo. Apenas L.L se negou em tirar o tênis e ao perguntar o motivo não respondeu.

A exploração do mundo externo comentaThiers (1998), na aquisição da segurança estendida à relação materna, à relação paterna, e consequentemente descoberta do mundo. A entrada do pai é muito importante no processo de segurança interna e formulação de limites.

Quando as atividades do Orientador Terapêutico para Adolescentes - AD foram incluídas no processo terapêutico as sessões “se transformaram” e tornaram-se intensas e exaustivas para mim; os adolescentes questionavam as atividades e se negavam na realização de algumas que exigiam a correção e não queriam fazer pela troca de lápis.

A execução da atividade, segundo Thiers (1998), desencadeia a projeção dos conteúdos emocionais do sujeito em seu próprio ato psicomotor. Trabalha-se também, a percepção visual, tátil, a memória, a atenção, a capacidade de discriminação de elementos, o controle motor, entre outros. Nas atividades que requerem o uso do lápis, a borracha não é utilizada.

O progresso foi gradativo, a cada nova descoberta surgiam motivos de conquistas. O potencial desejado, pela escola e pelos pais, foi sendo percebido e consequentemente foram elogiados, com isso alguns comportamentos de rivalidade dos mesmos com a família foram diminuindo. Perceberam que “aquele lugar”, “àquela hora” era um espaço deles de escuta, que tínhamos um sigilo e buscávamos melhorar a cada dia.

A leitura feita pelo socioterapeuta, segundo Thiers (1998), com base nas verbalizações dos componentes do grupo ou a partir da observação do modo de execução da atividade pode ser: vertical, feita a cada componente do grupo, especificamente; horizontal, que parte da percepção do movimento psíquico grupal; a transversal, feita quando situações da realidade atravessam as verbalizações feitas pelos componentes do grupo terapêutico.

Esse processo de transição psíquica que os adolescentes passam, acaba se transformando em situações desconfortáveis, pois não há um entendimento e caso a família não esteja tenha sido estruturada numa educação por limites, baseada no diálogo e na confiança ocasiona uma série de comprometimentos que levam a desiquilíbrios emocionais.

Cabe confirmar que os atendimentos baseados na metodologia Ramain-Thiers proporcionam mudanças, os erros acabam sendo transformados em aprendizagens que o individuo pode ver e rever sua vida de maneira diferente, podendo com isso evoluir cada vez mais.

Thiers (1998) aponta que o erro é marcado para não ser esquecido, não ser dissimulado. É a descoberta de que, trocando as cores dos lápis, pode-se recomeçar e encontrar novos caminhos e novas saídas.

A mesma autora ressalta que através das atividades Ramain-Thiers o sujeito se possibilita a trabalhar, enfrentar e resgatar a sua autoestima, respeitando o ritmo e seus limites, permitindo desabrochar sua autonomia.

 

REFERÊNCIAS

ABERASTURY, A. & KNOBEL, M. Adolescência normal. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.

THIERS, S., Sociopsicomotricidade Ramain-Thiers: uma leitura emocional, corporal e social. 2 ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1998.

THIERS, Solange e Elaine (organizadoras). A Essência dos Vínculos. Rio de Janeiro: Altos da Glória, 2001.

THIERS, Solange e Ana Cristina Geraldi (organizadoras). Corpo e afeto: reflexões em Ramain-Thiers. Rio de Janeiro: Walk Ed., 2009.

 

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Volume I
Ramain-Thiers: a vida, os contornos
A re-significação para o re (nascer)
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Volume II
A potencialidade de cada um:
Do complexo de édipo a terapia de casais
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Volume III
A dimensão afetiva do corpo:
Uma leitura em Ramain-Thiers

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Volume IV
As interfaces de Ramain-Thiers

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