Vol. VII: Vitrais 75 - ago 2014
A Revista da ABRT Associação Brasileira Ramain-Thiers - ISSN 2317-0719
 
     
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VITRAIS
Vol. VII: Vitrais 75

                        ago 2014

 

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Reflexão

 

 

Onde está a minha esperança?

 

 

Rubem Alves

 

      Se EU SOUBER ONDE MORA a minha esperança, terei razões para viver e razões para morrer. E a vida ficará bela mesmo no meio das lutas.

       Sei muito bem onde minha esperança não está. Não está nos pobres, não está nos movimentos populares, não está no povo. Não está também nas elites, sejam ricos ou doutores, intelectuais ou empresários. Não está em partido político algum, de direita ou de esquerda. E nem nos poderes legislativo, executivo ou judiciário. Também não está nas igrejas e nos movimentos religiosos. Não coloco a minha esperança em coisa alguma que seja definida por categorias sociais. Olho para todas elas com profundo desinteresse. Jamais comprometeria a minha vida com qualquer delas. Onde está minha esperança? Numa multidão de indivíduos, independentemente do seu lugar social ou econômico, que vivem possuídos pelo sonho da vida, da beleza e da bondade. A esperança de Camus estava no mesmo lugar que a minha. “Já se disse que as grandes idéias vêm ao mundo mansamente, como pombas. Talvez, então, se ouvirmos com atenção, escutaremos, em meio ao intrépito de impérios, e nações, um discreto bater de asa, o suave acordar da vida e da esperança. Alguns dirão que tal esperança jaz numa nação; outros, num homem. Eu creio, ao contrário, que ela é despertada, revivificada, alimentada por milhões de indivíduos solitários, cujos atos e trabalho, diariamente, negam as fronteiras e as implicações mais cruas da história. Como resultado, brilha por um breve momento a verdade, sempre ameaçada, de que cada e todo homem, sobre a base de seus próprios sofrimentos e alegrias, constrói para todos.” 

 

REFERÊNCIAS 

ALVES, Rubem. Pimentas: para provocar um incêndio, não é preciso fogo. São Paulo: Planeta do Brasil, 2012.
 

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Volume III
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Uma leitura em Ramain-Thiers

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Volume IV
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