nª 67 - Março 2012
A Revista da ABRT Associação Brasileira Ramain-Thiers
 
     

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Artigo 2

PARA QUE A FILOSOFIA?

por

Marina Aparecida Abelha Stremlow


PARA QUE A FILOSOFIA?

                                               Marina Aparecida Abelha Stremlow

Através das evidências do cotidiano, nos comunicamos afirmando, negando, aceitando, recusando coisas, pessoas e situações. São comuns as frases: ele está louco, ou tem sonhado demais. Além de considerações do tipo: esse assunto é subjetivo quando se trata de sentimentos, ou “você é legal” quando aprovamos alguém.

Um exemplo muito rotineiro é perguntarmos: que horas são? Minha expectativa quando faço essa pergunta é de que alguém tendo um relógio ou um calendário tenha uma resposta exata. Em que acredito quando faço a pergunta e aceito à resposta? Acredito que o tempo existe, que ele passa, pode ser medido em horas e dias, que existe um passado que contém uma história presente ou não e um futuro desejado ou temido.   

Casa-Museu Salvador Dali

Em todas as formas de expressão humana estão contidas muitas crenças silenciosas, que jamais questionamos! Como seria mais complexo se ao invés de perguntarmos que horas são se perguntássemos, mas o que é o tempo? De que recurso se toma para julgar algo é provável ou improvável? Acredito que sonhar é diferente de estar acordado, que no sonho o impossível e o improvável se apresentam como possível e provável, o sonho, portanto se relaciona com o irreal enquanto a vigília se relaciona com o que existe realmente. A realidade pode ser percebida fora de mim, tal como é e se diferencia da ilusão.

Salvador Dali

Quando afirmo “ficou maluco” acredito silenciosamente que tomando a realidade, que é igual para todos, embora eu não a aceite sempre, existe uma forma particular de criar outra realidade só para si, que é a loucura.

Salvador Dali

Assim nosso cotidiano é permeado por todo tipo de crenças:

* onde existe relação de causa e efeito, assim a realidade é feita de causalidades, a ponto de serem previsíveis e podermos controlar para o uso de nossas vidas.

* Comparando, quando dizemos que a casa da Juliana é mais bonita que a do Roberto. Acreditamos que os fatos, a realidade, as coisas, as pessoas, as situações podem ser avaliados, julgados, comparados pela qualidade ou pela quantidade.

* Quando afirmamos “o sol é maior do que vemos”, estamos acreditando que nossa percepção alcança as coisas de modo diferente, ora como são em si mesmas, ora como parecem ser dependendo das condições de visibilidade ou da localização e movimento dos objetos. Assim acreditamos que o espaço existe que possui qualidades e quantidades e pode ser medido. Apesar de percebermos as coisas diferentemente de como elas “são”, nem por isso estamos criando uma realidade à parte, ou seja, não estamos ficando malucos ou sonhando.

* Sobre a afirmação do que seja a verdade: quando alguém chama o outro de mentiroso é porque diferentemente do sonho, da loucura na mentira não existe a ilusão involuntária. Há diferença entre a verdade e a mentira. O erro é deliberado, volitivo isto é, nasce de uma intenção.

Então filosofar é, segundo Scheller, amar o ser das coisas. A filosofia sempre terá um caráter racional, porém ele reconhece que o âmbito da realidade é mais amplo do que a da razão. Nesse sentido, mesmo marcados pela circunscrição corporal, assegurados de certa forma pelos automatismos, nosso inconsciente permite irmos para além do imediato do que é dado, assim sendo a técnica Ramain Thiers coloca-se como instrumento de quebra dos controles e é sensível a exploração do que não é imediato, mas subliminar, se pudéssemos usar de uma semântica seria o vislumbrar das dobras de uma roupa.  

Marina Aparecida Abelha Stremlow é MS em Subjetividade e Contemporaneidade, Psicóloga e Sociopsicomotricista Ramain-Thiers.

 

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Uma leitura em Ramain-Thiers

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