ARTIGO
de
Airton Luiz Mendonça |
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O
CÉREBRO HUMANO MEDE O TEMPO POR MEIO DA OBSERVAÇÃO DOS MOVIMENTOS
autor: Airton Luiz Mendonça
Artigo publicado em 21.03.2010 no Jornal Estado de S.
Paulo.
colaboração de
Pedro Valdir Geraldi Junior (Psicólogo, Sociopsicomotricista)
Se alguém colocar você dentro de uma sala branca vazia, sem nenhuma
mobília, sem portas ou janelas, sem relógio... você começará a
perder a noção do tempo.
Por alguns dias, sua mente detectará a passagem do tempo sentindo as
reações internas do seu corpo, incluindo os batimentos cardíacos,
ciclos de sono, fome, sede e pressão sanguínea.
Isso acontece porque nossa noção de passagem do tempo deriva do
movimento dos objetos, pessoas, sinais naturais e da repetição de
eventos cíclicos, como o nascer e o pôr do sol.
Compreendido este ponto, há outra coisa que você tem que considerar:
Nosso cérebro é extremamente otimizado.
Ele evita fazer duas vezes o mesmo trabalho.
Um adulto médio tem entre 40 e 60 mil pensamentos por dia.
Qualquer um de nós ficaria louco se o cérebro tivesse que processar
conscientemente tal quantidade.
Por isso, a maior parte destes pensamentos é automatizada e não
aparece no índice de eventos do dia e, portanto, quando você vive
uma experiência pela primeira vez, ele dedica muitos recursos para
compreender o que está acontecendo...
É quando você se sente mais vivo.
Conforme a mesma experiência vai se repetindo, ele vai simplesmente
colocando suas reações no modo automático e 'apagando' as
experiências duplicadas.
Se você entendeu estes dois pontos, já vai compreender porque parece
que o tempo acelera, quando ficamos mais velhos e porque os Natais
chegam cada vez mais rapidamente.
Quando começamos a dirigir automóveis, tudo parece muito complicado,
nossa atenção parece ser requisitada ao máximo. Então, um dia
dirigimos trocando de marcha, olhando os semáforos, lendo os sinais
ou até falando ao celular ao mesmo tempo.
Como acontece?
Simples: o cérebro já sabe o que está escrito nas placas (você não
lê com os olhos, mas com a imagem anterior, na mente); O cérebro já
sabe qual marcha trocar (ele simplesmente pega suas experiências
passadas e usa, no lugar de repetir realmente a experiência).
Em outras palavras, você não vivenciou aquela experiência, pelo
menos para a mente. Aqueles críticos segundos de troca de marcha,
leitura de placa...
São apagados de sua noção de passagem do tempo...
Quando você começa a repetir algo exatamente igual, a mente apaga a
experiência repetida.
Conforme envelhecemos, as coisas começam a se repetir - as mesmas
ruas, pessoas, problemas, desafios, programas de televisão,
reclamações... enfim... as experiências novas (aquelas que fazem a
mente parar e pensar de verdade, fazendo com que seu dia pareça ter
sido longo e cheio de novidades), vão diminuindo.
Até que tanta coisa se repete que fica difícil dizer o que tivemos
de novidade na semana, no ano ou, para algumas pessoas, na década.
Em outras palavras, o que faz o tempo parecer que acelera é a...
ROTINA
Não me entenda mal.
A rotina é essencial para a vida e otimiza muita coisa, mas a
maioria das pessoas ama tanto a rotina que, ao longo da vida, seu
diário acaba sendo um livro de um só capítulo, repetido todos os
anos.
Felizmente há um antídoto para a aceleração do tempo: M & M (Mude e
Marque).
Mude, fazendo algo diferente e marque, fazendo um ritual, uma festa
ou registros com fotos.
Mude de paisagem, (sugiro que você tire férias sempre e,
preferencialmente, para um lugar quente, um ano, e frio no seguinte)
e marque com fotos, cartões postais e cartas.
Tenha filhos (eles destroem a rotina) e sempre faça festas de
aniversário para eles, e para você (marcando o evento e
diferenciando o dia).
Use e abuse dos rituais para tornar momentos especiais diferentes de
momentos usuais.
Faça festas de noivado, casamento, quinze anos, bodas disso ou
daquilo, bota-foras, participe do aniversário de formatura de sua
turma, visite parentes distantes, entre na universidade com sessenta
anos, troque a cor do cabelo, deixe a barba, tire a barba, compre
enfeites diferentes no Natal, vá a shows, cozinhe uma receita nova,
tirada de um livro novo.
Escolha roupas diferentes, não pinte a casa da mesma cor, faça
diferente.
Beije diferente sua paixão e viva momentos diferentes.
JAMAIS SE ESQUEÇA DE ESTAR APAIXONADO.
NÃO DESISTA NUNCA DO SEU GRANDE AMOR.
BUSQUE-O ONDE ELE ESTIVER. CORRA, VOE, SEJA FELIZ.
Vá a mercados diferentes, leia livros diferentes, busque
experiências diferentes.
Seja diferente.
Se você tiver dinheiro, especialmente se já estiver aposentado, vá
com seu marido, esposa ou amigos para outras cidades ou países, veja
outras culturas, visite museus estranhos, deguste pratos esquisitos.....
em outras palavras... VIVA!
Porque se você viver intensamente as diferenças, o tempo vai parecer
mais longo.
E se tiver a sorte de ter alguém disposto (a) a viver e buscar
coisas diferentes, seu livro será muito mais longo, muito mais
interessante e muito mais v-i-v-o... do que a maioria dos livros da
vida que existem por aí.
Cerque-se de amigos.
Amigos com gostos diferentes, vindos de lugares diferentes, com
religiões, hábitos e culturas diferentes e que gostam de comidas
diferentes.
Saiba mais ouvir, por isso você tem duas orelhas, do que falar, pois
você tem apenas uma boca.
E SCR E VA em tAmaNhos diFeRenTes e em CorES di fE rEn tEs!
CRIE, RECORTE, PINTE, RASGUE, MOLHE, DOBRE, PICOTE, COLE, FAÇA
MOSAICO, DANCE, CANTE, TOQUE UM NOVO INSTRUMENTO, INVENTE, REINVENTE...
Enfim, acho que você já entendeu o recado, não é?
Boa
sorte em suas experiências para expandir seu tempo, com qualidade,
emoção, rituais e vida.
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