IMPORTÂNCIA DOS ASPECTOS
EMOCIONAIS LIGADOS À OBESIDADE E SUAS IMPLICAÇÕES NO
TRATAMENTO
Leda Cristina Marques Ávila
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Em vista que os
distúrbios de conduta alimentar constituem uma área de crescente
interesse médico, nutricional, psicológico, além de uma ameaça à
saúde das populações em número crescente de países, percebe-se a
necessidade de que na área da saúde se leve em maior consideração à
importância dos aspectos emocionais envolvidos na obesidade, bem
como as implicações que estes trazem no tratamento desta. As
dificuldades em emagrecer dos pacientes, no tratamento, com
profissionais da saúde, acabam causando em muitos o “efeito sanfona”
(emagrecer e engordar em curto período de tempo), que pode ser
relacionado, muitas vezes, por uma não atenção aos aspectos
emocionais, sendo feito o tratamento envolvendo apenas o corpo no
seu aspecto físico. Esta visão do profissional da saúde em relação à
obesidade pode ser observada pela OMS (Organização Mundial de
Saúde), 2004, onde coloca que os métodos para o tratamento da
obesidade, incluem: controle dietético, prática de atividade física
e exercícios e drogas anti-obesidade, reservando a cirurgia
gastrointestinal para casos extremos. No CID 10
Classificação Estatística Internacional de
Doenças (E65-E68) aparece que a obesidade não é considerada
como um distúrbio alimentar, sendo definida como um distúrbio físico
que não se associa a qualquer síndrome psicológica ou comportamental
distinta, o que demonstra a postura de alguns profissionais da saúde
que leva em conta apenas o distúrbio físico do paciente. O que se
percebe, nos obesos, é uma dificuldade em conseguir emagrecer, que
vai além do corpo físico, que quando se amplia à visão e percebe que
somos corpo e mente, que quando relacionados podemos trabalhar na
tentativa de entender melhor o que se passa na obesidade e assim
ajudar no tratamento dos pacientes. Devido a estes aspectos
percebe-se a importância de um trabalho no qual se pretenda levantar
as possíveis hipóteses, envolvendo as implicações da obesidade em
seus aspectos emocionais no tratamento. Mostrando assim a
importância de se trabalhar conjuntamente os aspectos físicos,
alimentares da obesidade com os emocionais, para que se possa
promover a saúde, buscando novas formas de implementação das
políticas de saúde pública e de programas para melhorar a prevenção
e o controle da obesidade.
Destaca-se assim a
importância de levar em conta que além da obesidade ser causada por
um desbalanço entre calorias que são consumidas, e as calorias que
são gastas pelo indivíduo, ela é, atualmente, considerada uma doença
com causas diversas, produz vários outros problemas tanto em relação
à saúde física como na saúde emocional. As comorbidades relacionados
à saúde física são: a elevação das triglicérides e do colesterol,
alterações ortopédicas, pressóricas, dermatológicas e respiratórias,
além de predisposição ao diabetes, além de apnéia do sono.etc.,
(COUTINHO, W.F. APPOLINARIOS, S.C in: CORONHO,V, 2001 p. 156). Em
relação à saúde emocional, percebe-se que as bases psicológicas
envolvidas na obesidade podem denotar conflitos afetivos associados
à busca de algo, de um afeto inatingível, de um preenchimento do
vazio interior, por busca de segurança, algo que venha de encontro
com as primeiras experiências de satisfação. Outras vezes pode estar
associado aos sentimentos de culpa, remorso, raiva, etc. Nestes
estados, a pessoa usa o alimento para compensar tais desafetos, isto
por não sentir a vontade para expressá-los e, acaba usando seu corpo
como instrumento de vingança.
A obesidade se encontra, neste processo,
como uma forma de suprir um vazio, segundo KAHTALIAN (1992, p.50) o
excesso de peso para o indivíduo constitui-se como uma “muleta” que
tem que carregar pelo resto da vida, ou seja, nele focaliza-se o
foco de angústias e dificuldades sociais, levando a isolar-se do
meio social no qual esta inserido.Estas dificuldades e insatisfações
deixam o sujeito atormentado pelo sentimento de estar “fora da
vida”. Há uma cisão entre o ego e o corpo, um emprego de uma máscara
ou adoção de um papel como meio de adquirir identidade, nos obesos,
o excesso de peso.
A questão do obeso
se relaciona em torno da vivência dos limites e de suas próprias
escolhas. Tem-se que os obesos não conseguem abrir mão de sua forma
e muito menos dos benefícios que a “capa” de gordura fornece
enquanto defesa. Escondem-se através de si mesmos, através de um
corpo deformado. Talvez por não conseguir se descobrir, procuram na
comida, uma forma de suprir uma satisfação, que esta muito além de
uma simples refeição ou várias refeições.
Quando se refere a
trabalhos clínicos com esta patologia levar em conta a importância
de se poder verificar os aspectos emocionais ligados a obesidade e
suas implicações no tratamento. Identificando e focalizando os
comportamentos emocionais que mantém a doença. Demonstrando
que um trabalho integrado com os aspectos físicos, alimentares da
obesidade possibilitando a promoção saúde na busca de novas formas
de prevenção e o controle da obesidade.
Leda Cristina
Marques Ávila
Psicóloga 08/09217-
Londrina PR
ledaavila@hotmail.com
Referências Bibliográficas
COUTINHO, W.F. APPOLINARIOS, S.C.Transtornos
alimentares e obesidade.in: CORONHO,V.,e col.Tratado de
endocrinologia e cirurgia endócrina. Rio de Janeiro: Guanabara
Koagan,2001.p156-165.
ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DE SAÚDE, CID 10
Classificação Estatística Internacional de Doenças.
São Paulo SP. Edusp, 2002,
vol3, E65-E68.
KAHTALIAN, A. Obesidade. In.
Mello Filho, J. Psicossomática Hoje. Porto Alegre. Artes
médicas, 1992. p.50.
ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DE SAÚDE, Obesidade: Prevenindo e
Controlando a Epidemia Global. São
Paulo SP. Roca, 2004. |