UMA REFLEXÃO SOBRE OS GRUPOS
Leila Maggio T. de Mello |
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Segundo Lebon, o indivíduo em grupo
tem um modo de sentir, pensar de acordo com o grupo, seu aspecto
individual desaparece e ele passa então a pensar coletivamente. A
individualidade num grupo desaparece juntamente com a noção de
impossibilidade. Neste sentido a massa mostra-se forte e nos seus
objetivos, sendo estes sempre possíveis.
A massa é sugestionável pelo poder
mágico das palavras e sujeitas a ilusões. Essa linguagem pode
remeter à neurose narcísica dos políticos, onde o que eles pretendem
é chamar a massa a sonhar, mostrando também que tudo é possível. Na
massa o desejo individual torna-se forte e passível de realização,
expressando um narcisismo generalizado. As forças individuais acabam
sendo evidenciadas e a palavra pode ter um efeito destrutivo como no
caso da violência, mas também pode ser de reflexão onde a ação dos
indivíduos pode ser organizada. A massa anônima é altamente
manipulável.
Um grupo se mostra coeso através de um
projeto em comum, pois este irá unir os seres diferentes, permitindo
o estabelecimento de relações comunitárias. Ele se caracteriza
enquanto tal, quando apresenta uma identidade, um objetivo em comum.
Viver em grupo cria condições para que seus membros manifestem os
mais variados sentimentos de amor, ódio, veneração, amizade e
culpa.Todo grupo funciona à base da idealização, ilusão e da crença.
Este conjunto nos leva à noção de que o grupo tem uma causa a
defender.
Por fim, verificamos que um corpo
social (instituições, organizações), existe em conseqüência da
instauração de um sistema de repressão coletiva, o eixo em torno do
qual se estrutura a cultura, que em essência é neurótica.
O chefe instala o amor através da
linguagem, mesmo não sendo verdadeiro, o grupo acredita nessa ilusão
e acaba retribuindo esse amor para os seus colegas.
Um outro dado importante na manutenção
do grupo é a projeção dos sentimentos hostis para fora do grupo.
Esse fenômeno Freud chamou de narcisismo das pequenas diferenças.O
diferente será inimigo. Podemos falar que o ódio é componente da
pulsão de morte, juntamente com o amor, que fortalece a existência
do grupo.
Uma organização sempre irá produzir
inimigos para desviar a pulsão de destruição para o exterior. As
guerras, as lutas de classes etc..é exatamente a pulsão de morte
dirigida a outros grupos.Um grupo organizado vincula as forças de
EROS e TANATOS. Continuando a discutir sobre a organização e a
manutenção do grupo, podemos destacar o papel importante da
identificação nas formações coletivas.
Um outro dado importante é a função do
olhar e da linguagem como fator fundamental que permite desenvolver
através de um discurso de amor, um sentimento no grupo de amor e
idealização. Há uma comunhão imediata entre dominador e dominada
feita através da voz e do olhar. Neste momento só existe 2 pessoas o
chefe e o grupo. Vemos no grupo o surgimento do masoquismo primário
que irá se juntar com o secundário. A morte do chefe irá transformar
todos os sentimentos hostis que eram projetados nele, em respeito e,
introduzindo como ideal. Em qualquer grupo, ocorrem os processos
apontados na teoria de papéis de Pichon-Riviére e dos supostos
básicos de Bion.
De acordo com Bion, todo indivíduo a
capacidade do que chamou de valência, ou seja, todo indivíduo
dispõe-se a uma ligação em grupo. Encontraremos um movimento a favor
da realização da tarefa a que se propõe, e, um outro, em oposição.
Chamou de mentalidade grupal a unidade
com que o grupo funciona. A mentalidade grupal pode estar em
conflito com seu desejo que gerará ansiedade e mal estar. É do
interjogo entre a mentalidade grupal e os desejos dos integrantes do
grupo que surge uma organização, chamado por Bion de cultura do
grupo.
Quando se fala em supostos básicos,
como o próprio nome diz, fala-se em emoções primitivas básicas, que
emergem em um grupo a fim de evitar a frustração e, assim sendo,
representam um movimento de oposição para a realização da tarefa do
grupo.
Os supostos básicos propostos por Bion
são 3:
Suposto básico de dependência –
refere-se ao movimento de dependência do grupo, ou seja, o suposto
básico de acasalamento – refere-se ao movimento de espereança
messiânica de um grupo.
Sendo o homem um ser biopsicossocial,
as teorias e técnicas de grupos aplicam-se a qualquer situação onde
exista o indivíduo, indivisível, com seu corpo/mente, na relação com
o meio social. O grupo regredido, funciona acreditando que haverá
alguém que irá realizar todas as suas necessidades. |