A Revista da ABRT Associação Brasileira Ramain-Thiers
 
VITRAIS
vol 56 - jun 2007
 

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com Elisabete Mancebo

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UMA REFLEXÃO SOBRE OS GRUPOS

Leila Maggio T. de Mello 

Segundo Lebon, o indivíduo em grupo tem um modo de sentir, pensar de acordo com o grupo, seu aspecto individual desaparece e ele passa então a pensar coletivamente. A individualidade num grupo desaparece juntamente com a noção de impossibilidade. Neste sentido a massa mostra-se forte e nos seus objetivos, sendo estes sempre possíveis. 

A massa é sugestionável pelo poder mágico das palavras e sujeitas a ilusões. Essa linguagem pode remeter à neurose narcísica dos políticos, onde o que eles pretendem é chamar a massa a sonhar, mostrando também que tudo é possível. Na massa o desejo individual torna-se forte e passível de realização, expressando um narcisismo generalizado. As forças individuais acabam sendo evidenciadas e a palavra pode ter um efeito destrutivo como no caso da violência, mas também pode ser de reflexão onde a ação dos indivíduos pode ser organizada. A massa anônima é altamente manipulável.

Um grupo se mostra coeso através de um projeto em comum, pois este irá unir os seres diferentes, permitindo o estabelecimento de relações comunitárias. Ele se caracteriza enquanto tal, quando apresenta uma identidade, um objetivo em comum. Viver em grupo cria condições para que seus membros manifestem os mais variados sentimentos de amor, ódio, veneração, amizade e culpa.Todo grupo funciona à base da idealização, ilusão e da crença. Este conjunto nos leva à noção de que o grupo tem uma causa a defender.

Por fim, verificamos que um corpo social (instituições, organizações), existe em conseqüência da instauração de um sistema de repressão coletiva, o eixo em torno do qual se estrutura a cultura, que em essência é neurótica. 

O chefe instala o amor através da linguagem, mesmo não sendo verdadeiro, o grupo acredita nessa ilusão e acaba retribuindo esse amor para os seus colegas.

Um outro dado importante na manutenção do grupo é a projeção dos sentimentos hostis para fora do grupo. Esse fenômeno Freud chamou de narcisismo das pequenas diferenças.O diferente será inimigo. Podemos falar que o ódio é componente da pulsão de morte, juntamente com o amor, que fortalece a existência do grupo. 

Uma organização sempre irá produzir inimigos para desviar a pulsão de destruição para o exterior. As guerras, as lutas de classes etc..é exatamente a pulsão de morte dirigida a outros grupos.Um grupo organizado vincula as forças de EROS e TANATOS. Continuando a discutir sobre a organização e a manutenção do grupo, podemos destacar o papel importante da identificação nas formações coletivas.

Um outro dado importante é a função do olhar e da linguagem como fator fundamental que permite desenvolver através de um discurso de amor, um sentimento no grupo de amor e idealização. Há uma comunhão imediata entre dominador e dominada feita através da voz e do olhar. Neste momento só existe 2 pessoas o chefe e o grupo. Vemos no grupo o surgimento do masoquismo primário que irá se juntar com o secundário. A morte do chefe irá transformar todos os sentimentos hostis que eram projetados nele, em respeito e, introduzindo como ideal. Em qualquer grupo, ocorrem os processos apontados na teoria de papéis de Pichon-Riviére e dos supostos básicos de Bion. 

De acordo com Bion, todo indivíduo a capacidade do que chamou de valência, ou seja, todo indivíduo dispõe-se a uma ligação em grupo. Encontraremos um movimento a favor da realização da tarefa a que se propõe, e, um outro, em oposição. 

Chamou de mentalidade grupal a unidade com que o grupo funciona. A mentalidade grupal pode estar em conflito com seu desejo que gerará ansiedade e mal estar. É do interjogo entre a mentalidade grupal e os desejos dos integrantes do grupo que surge uma organização, chamado por Bion de cultura do grupo. 

Quando se fala em supostos básicos, como o próprio nome diz, fala-se em emoções primitivas básicas, que emergem em um grupo a fim de evitar a frustração e, assim sendo, representam um movimento de oposição para a realização da tarefa do grupo.

Os supostos básicos propostos por Bion são 3: 

Suposto básico de dependência – refere-se ao movimento de dependência do grupo, ou seja, o suposto básico de acasalamento – refere-se ao movimento de espereança messiânica de um grupo. 

Sendo o homem um ser biopsicossocial, as teorias e técnicas de grupos aplicam-se a qualquer situação onde exista o indivíduo, indivisível, com seu corpo/mente, na relação com o meio social. O grupo regredido, funciona acreditando que haverá alguém que irá realizar todas as suas necessidades.

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