Vol. XVI: Vitrais 101 - mar 2023 

A Revista da ABRT Associação Brasileira Ramain-Thiers

ISSN 2317-0719

VITRAIS
Vol. XVI: Vitrais 101 - mar 2023

 

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Literatura

 

Ética Pública: O Princípio do “Interesse bem Compreendido” Segundo Alexis de Tocqueville

 

Por: Solange Thiers

 

Solange Thiers: Psicóloga. Pedagoga. Fonoaudióloga. Psicanalista. Especialista em Psicomotricidade. Mestre em Filosofia e Ética. Autora. Criadora da Sociopsicomotricidade Ramain-Thiers.

 

A formulação e a discussão sobre ética pública começam a existir para Alexis de Tocqueville na interligação do fenômeno do pauperismo e da noção de interesse. O tema filosófico e político no autor passam, necessariamente, por uma abordagem humanística e liberal. A compreensão e percepção de uma abordagem conciliatória nas ideias aparentemente contrastantes do autor, no que se refere aos desafios da democracia Liberal, traz uma peculiaridade sobre a qual a hipótese foi desenvolvida.

A formulação de uma ética pública, segundo Alexis de Tocqueville, no sentido da noção do “interesse bem compreendido”, deve se processar em meio ao desenvolvimento de um sentimento de solidariedade, de fraternidade e de benevolência, e o meio indicado para isso é a Democracia Liberal.

A noção do “interesse bem compreendido” une uma noção de teoria e prática política que seria, pedagogicamente, ensinada ao povo pelo exercício da cidadania e pela manutenção dos costumes no desenvolvimento da virtude pública. Isto seria alcançado através de uma prática igualitária, que tem a religião como tela, onde se delineiam os traços de uma aquarela onde os interesses criam uma imagem formada pela conciliação de interesse individuais e coletivos. A conciliação de interesses individuais e gerais, tendo a religiosidade como referência, preserva a democracia e a liberdade, além de favorecer a felicidade dos indivíduos.

[...]. Dessa forma, Tocqueville torna-se um pensador político diferente, justamente por defender, nos “liberalismos democrático”, os aspectos individuais e públicos conciliados. A liberdade moderna busca a segurança do indivíduo e a defesa do bem público, enquanto a liberdade dos antigos fortalecia a noção de participação política, onde a democracia era concebida pela decisão dos homens reunidos em praça pública, sem a legislação ou a representatividade.

A livre escolha do que é bom, já outorga ao homem e aos povos uma vida produtiva feliz. O valor do viver não está só na conquista, mas, também, no processo de vida desta, na forma solidária e fraterna como se desenvolve a vida social nos povos e na fé no progresso, bem como na capacidade de atravessar os fenômenos adversos do existir. Ser livre, tal como Tocqueville prescreve, é encontrar não só a felicidade de uma sociedade, mas, também, respeitar a legislação como um conjunto de princípios divinos instalados para garantir a ordem e a paz dos homens.

 

REFERÊNCIAS       

 THIERS, Solange. Ética pública: o princípio do “interesse bem compreendido” segundo Alexis de Tocqueville. Londrina: Edições Cefil, 2003. P. 142 a 149.